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BIPOLAR




Transtorno Afetivo Bipolar (TAB)

O transtorno afetivo BIPOLAR é uma das mais frequentes e importantes doenças psiquiátricas na população geral. Trata-se de uma afecção crônica, que pode se iniciar em qualquer idade (sendo mais comum o diagnóstico por volta dos 20 aos 30 anos). Acredita-se que entre 3 e 8% da população apresente TRANSTORNO AFETIVO BIPOLAR (TAB), sendo alguns de forma mais grave e outros mais leves (por isso falamos em espectro BIPOLAR). Isso contabiliza em média 350 milhões de portadores no MUNDO (cerca de 15 milhões só no BRASIL). Ocorre em ambos os sexos e em qualquer idade (sendo mais frequente o diagnóstico por volta dos 20-30 anos).
A característica da doença é uma tendência crônica e intensa a OSCILAÇÃO entre estados DEPRESSIVOS (polo depressivo) e estados patológicos de EUFORIA (que chamamos de MANIA). Entre os episódios o paciente pode apresentar fases de normalidade. Os episódios podem durar semanas a meses e ter gravidade diversa.
O paciente apresenta uma GANGORRA de humor e comportamento, apresentando DUAS MODALIDADES patológicas (Depressão e Mania/Euforia).
DEPRESSÃO (PÓLO DEPRESSIVO)
Na depressão, o paciente pode ficar semanas a meses com sintomas de TRISTEZA intensa, MELANCOLIA, dificuldade de sentir PRAZER, culpa, frustação, pessimismo, baixa autoestima, além de sintomas físicos como fadiga, falta de energia e disposição, alteração de sono, baixa sexual e alterações alimentares. Existe inclusive o risco de suicídio (que aliás gira em torno de 10 a 15 % das formas mais graves da doença. 
MANIA
Já o ESTADO de MANIA (EUFORIA) geralmente dura de dias a semanas e é marcado por agitação, irritabilidade, humor EXALTADO, expansivo, discurso acelerado e por vezes até confuso, AUTOESTIMA elevada, por vezes com alguns delírios de GRANDEZA e atitudes equivocadas (como compras exageradas, roupas inadequadas e comportamentos questionáveis). Pessoas em MANIA tem a mente mais acelerada e por vezes cometem equívocos que podem levam a grandes arrependimentos (baixo bom senso). Nota-se franca inquietação, falta de Sono (que geralmente piora o quadro progressivamente) e pode associar-se a distúrbios da razão e franca desorganização mental em estágios mais graves. O paciente em si pode não se queixar do quadro de mania, já que ele pode alterar a crítica e gerar algum grau de Bem ESTAR, em formas leves pode até ser uma fase de alta produtividade (principalmente em áreas criativas) da qual o paciente se orgulha. No entanto, a euforia apresenta inequívocos impactos negativos na performance social e comportamental, devendo ser conduzida com muita atenção pelo médico. Durante um episódio de MANIA intensa o paciente pode usar roupas inadequadas, ficar agressivo e desrespeitar autoridades, pode realizar compras que não é capaz de pagar, pode apresentar delírios de grandeza imaginando ter poderes especiais, etc… Algumas vezes o quadro é tão dramático que uma internação é necessária para preservar a integridade do paciente e seus familiares.

EPISÓDIO MISTO
Por vezes, os SINTOMAS de DEPRESSÃO e MANIA ocorrem de forma concomitante, o paciente está triste, sem percepção de prazer, mas, ao mesmo tempo, está acelerado, impulsivo e irritado. Esse estado é mais infrequente mas pode ser muito perigoso, com alto risco para suicídio.
TIPOS DE TRANSTORNO AFETIVO
Dependendo da ocorrência e da gravidade dos EPISÓDIOS de POLARIZAÇÃO
TAB tipo I = nela existe quadros graves de depressão e quadros graves de mania. É o tipo mais clássico.
TAB tipo II = Quadro de oscilação entre depressão e um quadro mais leve de euforia, denominado HIPOMANIA (a identificação desse tipo de TAB aumentou muito o diagnóstico). Existem pessoas que apresentam euforia em algum grau quando usam antidepressivos. Isso também pode ser considerado um tipo de Transtorno Bipolar.
TAB tipo III = Pessoas que apresentam depressão e uma história familiar positiva para TAB. São depressivos em RISCO de ciclar em algum momento.
Outras Opções: Existem também os ciclotímicos (oscilações bem leves do humor) e os cicladores rápidos, que podem passar mais frequentemente de um estado a outro.


DIAGNÓSTICO E TRATAMENTO
O tratamento depende do reconhecimento dos sintomas e do diagnóstico preciso. Não existem exames complementares para fechar o diagnóstico, e sim uma avaliação médica abrangente, com histórico e exames físico e psíquico.
O médico geralmente realiza exames para afastar outros problemas como alterações hormonais (como a tireoide), entre outras.
O tratamento visa:
1.   REVERTER a POLARIZAÇÃO (entrada no estado DEPRESSIVO ou MANIA)

2.   PREVENIR RECÍDAS
O tratamento é prolongado, complexo e deve ser personalizado, já que nenhum paciente é igual ao outro (doença heterogênea). É fundamental a participação familiar e usar métodos complementares de terapia, tais como:
1.   Mudança do Estilo de Vida: quem tem TAB deve procurar uma vida mais regular, evitar privações excessivas de sono, evitar uso de drogas e álcool e manter atividades físicas (principalmente aeróbicas) regulamente.
2.   Psicoterapia: Pode ser muito útil em alguns casos. Existem várias técnicas e possibilidades, seja individualmente, seja em grupo.
3.   Medicamentos: importante ASPECTO do tratamento. A descoberta e utilização de ESTABILIZADORES DE HUMOR mudou radicalmente a evolução dos casos mais graves, reduzindo risco de suicídio, evitando internações e promovendo mais qualidade de vida para o paciente e familiares. Os medicamentos podem ser usados na REVERSÃO do estado POLARIZADO (Depressão x Mania) e na prevenção. São utilizados medicamentos de diversas categorias de acordo com o tipo e status clínico atual do paciente (estabilizadores de humor / antidepressivos, antipsicóticos, tranquilizantes, etc.).



Fonte: Leandro Telles ( Neurologista)


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