As
oficinas psicopedagógicas, segundo Grassi (2008, p. 115) precisam valorizar o
ato de brincar[1], no qual
a criança expressa seu pensamento e sentimentos. Por sua vez, o jogo, definido
como uma atividade física ou mental fundada num sistema de regras (AURELIO apud
GRASSI, 2008, p. 69). Nisto, Grassi cita as histórias (contos de fadas, mitos,
fábulas, lendas, histórias de aventuras e inventadas), as quais “funcionam como
recurso comunicativo, capaz de estreitar relações, transmitir conhecimentos,
provocar reações, reflexões, sentimentos, construções, transformar o ouvinte”
(GRASSI, 2008, p. 127).
A
dramatização e os jogos dramáticos também são apontados por Grassi (2008, p.
135):
Os
jogos dramáticos permitem o estabelecimento de um espaço e de um tempo de
criação e imaginação, construção de conhecimentos, expressão e elaboração de
sentimentos, conquista de autonomia, vivência de liberdade, estabelecimento e
estreitamento de vínculos,
respeito
e valorização do outro, manifestação da espontaneidade, desenvolvimento da
capacidade de observação, percepção, análise e síntese, pensamento, linguagem,
conhecimento, domínio e equilíbrio do próprio corpo e de suas possibilidades
expressivas, relacionais e motrizes.
Em uma
oficina psicopedagógica, existem inúmeras fontes que possibilitam a criação dos
jogos dramáticos, dentre eles estão os contos, contos de fadas, mitos, lendas,
fábulas, música, dança, artesanato, artes plásticas.
O canto,
a dança e a música também são apresentados como possibilidades nas oficinas
psicopedagógicas, os quais surgem como fonte de prazer. Para isso, sugerem-se
músicas simples para que a criança consiga aprender a letra, a melodia e o
ritmo. Para a dança, igualmente deve-se partir de movimentos simples,
incrementando paulatinamente combinações de coreografias, ritmos, estilos,
passos e velocidades. Estas propostas possibilitam o desenvolvimento de funções
psicomotoras e mentais superiores: “desenvolve a concentração, diminui a
timidez, aumenta a autoestima, desperta a emoção, facilita a aprendizagem,
estimula o pensamento, a imaginação e a criatividade” (GRASSI, 2008, p. 141).
Lino,
Petty e Passos (2008) trazem quatro propostas de intervenção psicopedagógica
por meio do lúdico. A primeira é a “pega-varetas”, no qual pode ser trabalhada
a questão do enfrentamento das dificuldades e do respeito aos limites. O conto,
tanto oral como escrito, pode ser um desafio à criatividade do aluno. Nesta
atividade o psicopedagogo pode explorar imagens, temas variados e instigar o
desenvolvimento da ação criativa da criança, em comandos como “continue a
história”.
A
reflexão pode sair de uma simples brincadeira com o Tangran, um jogo milenar,
com “muitas possibilidades de disposição espacial de uma peça, especialmente se
forem observadas as diferentes combinações em relação às outras”. (PETTY;
PASSOS apud MACEDO; PETTY; PASSOS, 2008, p. 67). Com o Tangran é possível
trabalhar com temas relativos à matemática (proporções, cálculos de área,
relações geométricas), explorando as peças de modo a formar figuras
geométricas, construir figuras, representar histórias, contar histórias a
partir das figuras construídas com o Tangran.
Por fim,
Macedo, Petty e Passos (2008, p. 89) apresentam o jogo “imagem e ação”,
fabricado pela Grow, que propõe o desafio de fazer com que um ou mais jogadores
descubram uma palavra sorteada dentre várias cartas. Em seguida, o desafio pode
ser ampliado, buscando representar uma frase em três partes, também por meio de
desenhos, para que os outros jogadores descubram o conteúdo.
Essa
atividade age no aspecto afetivo, social, motor e cognitivo. No aspecto
afetivo, essas intervenções psicopedagógicas abordam o desafio da aceitação e
da interação no grupo; no aspecto social, agem no desenvolvimento da autonomia
ou não da criança para resolver um problema e a relação que estabelece com o
grupo; no aspecto motor está a organização no espaço, o traçado do desenho, a
postura da criança enquanto desenha; no aspecto cognitivo, incentiva-se o
tratamento das informações recebidas antes das atividades e como o aluno
interage com elas durante as intervenções. (MACEDO; PETTY; PASSOS, 2008, p.
99-100).
Essas
ações, para Grassi (2008, p 155-6) devem ser rigorosamente planejadas e
organizadas, considerando: o tema, os objetivos, o público, os materiais, as
adaptações, o tempo, o espaço, a dinâmica, o papel do adulto, os conteúdos, a
avaliação e a continuidade.
Na
primeira proposta para as oficinas psicopedagógicas, Grassi enumera três
momentos elaborados por Torres: hora da roda (recepção dos participantes), jogo
do dia (o trabalho com um jogo) e cantinhos (jogos de livre escolha dos alunos,
dispostos nos cantos da sala). Na segunda proposta, Grassi apresenta as etapas
de Alessandrini: sensibilização, expressão livre, elaboração de expressão,
comunicação e avaliação. Na terceira proposta, da própria Grassi, está a
sensibilização (estabelecendo vínculos e estreitando laços), desenvolvimento
(construção psicopedagógica com jogos de exercício, simbólicos ou de regras,
histórias ou dramatizações, dinâmicas de grupo, música, dança, etc.) e
avaliação (análise crítica dos participantes sobre a oficina).
Desta
forma, a oficina psicopedagógica é um local e um espaço de trabalho, onde educandos
e educadores, aprendizes e psicopedagogos, vivenciam e trocam papéis, experimentam,
compartilham, arriscam, criam, constroem a relação e o conhecimento por meio de ações mediadas.
“As maiores aquisições de uma criança são conseguidas no
brinquedo, aquisições que no futuro tornar-se-ão seu nível básico de ação real
e moralidade”.
(Vygotsky)
(Vygotsky)
“…a atividade lúdica é o berço obrigatório das atividades
intelectuais da criança, sendo, por isso, indispensável à prática educativa”.
(Jean Piaget)
(Jean Piaget)
Brincar é agir, divertir-se, entreter-se, comunicar-se, expressar-se, pensar, elaborar teorias, fazer de conta, fantasiar, criar, inventar, explorar, construir, desconstruir, destruir, reconstruir, descobrir, experimentar, comparar, repetir, arriscar, satisfazer necessidades e desejos, sentir, ser e viver. (GRASSI, 2008, p. 34)
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